Trata-se de um projecto de um centro escolar, constituído por um Núcleo de Pré-escolar e um Núcleo de 1º Ciclo situado em Mouriz, Paredes, norte de Portugal. Desenvolve-se em 2 pisos e dá cumprimento ao programa funcional de forma a gerir fluxos e a criar diferentes níveis de utilização decorrentes de uma escola com diferentes níveis de autonomia -núcleo do pré-escolar, núcleo de 1º ciclo, área comum e espaço desportivo -associando as dinâmicas próprias de cada unidade de ensino hierarquizando usos e utilizadores, dividindo percursos e funções.
Formalmente esta escola assume-se como um volume marcadamente longitudinal que recupera memórias dos edifícios fabris que povoavam a zona.
Ambos os topos do projecto são “abertos”, isto é, são vãos amplos envidraçados, e os alçados longitudinais são duas superfícies contínuas encerradas, pontuadas apenas pela repetição aparentemente desordenada do mesmo vão.
Também a cobertura é ritmada através de diferentes pendentes, que com uma leitura assumida no alçado, transpõem uma ideia de movimento que, em conjunto com os vãos, criam uma ilusão de aparente sky line de cidade.
Deste modo o jogo rítmico não se limita somente ao nível das aberturas da fachada, mas estende-se de igual modo às coberturas, interferindo na dimensão volumétrica, o que de certo modo, além de acentuar o valor distinto da concepção formal desta escola, remete-nos para a ideia de lúdico, um valor tão intrínseco aos principais utilizadores das escolas.
Espacialmente também se verificam repercussões na caracterização do interior. O jogo volumétrico da cobertura e a variação rítmica das aberturas reflectem-se na caracterização do espaço interior, possibilitando experiências físicas e sensoriais diferenciadas em cada espaço, seja nas salas de aula ou nos corredores. O movimento criado pela cobertura prolonga-se para o interior, contagiando os espaços destinados à aprendizagem com a sua linguagem materializada em desníveis e grandes diferenças de alturas. A sala de aula ganha assim nova dimensão, deixando de ser um espaço austero e inflexível, sendo aqui um espaço de criatividade e imaginação, que se pretende versátil e sobretudo polivalente.
O material de revestimento em madeira modificada utilizado extensamente confere uma unidade e continuidade, garantindo uma qualidade plástica e arquitectónica singular.
Relativamente á utilização de materiais no interior salienta-se a predominância de elementos uniformizadores do espaço como o pavimento revestido a linóleo, a iluminação suspensa, os armários e portas em mdf lacado a branco, que garantem a caracterização do espaço escolar.
É uma solução no âmbito escolar de linguagem actual e singular, com um forte sentido de integração, que transmite um sentido estético cuidado e de articulação global conferido pelo desenho, compatibilizando os aspectos necessários à conjugação das dinâmicas educativas com a disponibilização de uma experiência espacial diversificada.